Mas hoje, dando uma fuçada nos meus blogs preferidos, topei com um post sobre um assunto que acompanhei essa semana. Sobre a sem vergonhice do cadastro positivo de consumidores.
Acompanhe o que escreveu o Vinícius, no blog Com Fél e Limão
Cadastro Positivo: para quem?
Este aviso indecente, por força de lei, consta em todas as faturas de cartão de crédito. Indecente não pela informação, mas pelos números estratosféricos que o acompanham.
A FEBRABAN promete (timidamente) reduzir os juros pornográficospraticados pelos seus associados, caso o governo aprove um tal Cadastro Positivo de Clientes. Seria, basicamente, um histórico de todas as transações de crédito efetuadas pelos consumidores, relatando a pontualidade ou não no adimplemento das obrigações contraídas. Sendo assim, os “bons” pagadores ganhariam uma espécie de “estrelinha no boletim escolar”, que garantiria ao cliente taxas mais camaradas nos empréstimos e financiamentos. Seguindo a analogia: não basta passar de ano (não estar com o nome sujo), tem de passar com nota DEZ. Tentaremos demonstrar que isso não passa de MAIS UMA cortina de fumaça pra justificar as injustificáveis taxas praticadas pelos banqueiros mais gananciosos e espertalhões do planeta. Sim, eles estão aqui.
Os bancos, envergonhados com a extorsão que praticam no Brasil desde 1808 (e, desde 1994, sem a inflação descontrolada para camuflar a usura praticada), passaram a jogar a culpa nos “inadimplentes” (as aspas já expliquei aqui) que não deixam as taxas caírem.
Emprestar dinheiro tem risco, e é isto que justifica o tamanho dos juros cobrados, todos sabemos: maior risco, maior taxa. MAS, incrivelmente, AQUI não é esse o mecanismo! O que regula a taxa de juros cobradas do consumidor é a INAPTIDÃO desse mesmo consumidor em perceber que está sendo roubado, e o conluio dos banqueiros e governo em manter o roubo! É, amigo, é assim MESMO: banco só cobra essa extorsão aí da imagem (e muitas outras) porquesempre tem alguém que pague. E, claro, alguém que o deixa cobrar (no caso, o BC).
O brasileiro conviveu com inflação alta (e juros idem) por muito tempo, é imediatista, não tem hábito de poupar e não sabe fazer conta de juros ao longo do tempo. E os bancos e financeiras se aproveitam disso, com o beneplácito do Banco Central. Não é à toa que os maiores lucros bancários do universo ocorrem por aqui, e eles não sofrem NADA com quebradeiras externas no mundo globalizado, a não ser que estejam sendo geridos por um maluco. Mas voltemos ao tema do Cadastro.
Pegue o exemplo de um cliente com ANOS de relacionamento com um banco, tomando dinheiro emprestado e pagando direitinho. Isto não seria o MAIOR Cadastro Positivo que existe? Afinal, ninguém pode ser mais conhecido por um banco do que um cliente que mantém conta há anos com ele, oras! Pois bem, mas este cliente, mesmo com todo o seu HISTÓRICO QUE JÁ ESTÁ em poder DO BANCO, paga os MESMOS juros do cliente que abriu a conta na SEMANA PASSADA! Se o banco não considera nem as informações que JÁ ESTÃO COM ELE há anos, de que adianta saber da vida do cliente fora?
O sistema de “relacionamento” dos bancos brasileiros para conceder crédito (um pouquinho) mais barato está baseado somente no LUCRO que o cliente dá para o banco com sua conta, e não na sua PONTUALIDADE, já que não ser pontual inviabiliza a concessão do financiamento, e ser pontual não garante juros substancialmente mais baixos.
Aliás, sejamos justos, isto ocorre, sim. Sabe onde? Nas linhas de crédito COM JUROS MAIS EXTORSIVOS AINDA. Exemplo: aqueles empréstimos das Crefisas da vida, onde eles “perdoam” a última prestação de quem paga em dia todas as anteriores. Ora, cobrando 350% a.a. de um pobre coitado (com uma SELIC de 10% a.a.) e CONSEGUINDO receber 88% do butim, até eu dou “desconto” e “baixo” meu ganho pra 320% sobre o capital. Afinal, já recuperei o principal investido e juros SELIC na parcela 4 de 12, as outras entraram “de graça” no meu bolso.
Portanto, essa história de “Cadastro Positivo” é uma balela: conveniente para os bancos (que reduzirão ainda mais o seu risco, sem baixar taxa nenhuma – ou dar um “calaboca” qualquer, vá lá), e para o Banco Central, que dirá ter feito todo o possível para reduzir as taxas, mas que o “mercado” (sempre esse ET…) não ajudou, afinal a “demanda por crédito gerou falta de liquidez sistêmica e forçou a não-redução da taxa por parte das instituições financeiras”.
Curioso, não acha?
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