terça-feira, 3 de agosto de 2010

Educação com gibis. Por que não?

Depois daquele post sobre o Batman de Adam West, resolvi voltar falando de HQ's, e por motivos deveras simples. Histórias em quadrinhos são ótimas ferramentas de alfabetização, e creio que deveriam ser utilizadas com mais freqüência em salas de aula. Você não vai dar um Grande Sertão Veredas a um gurizinho de 7 anos. Mas que mal tem dar um super-herói pra ele? É uma forma de fazer ele se alfabetizar sem que perceba isso. Mas vamos filtrar as coisas, capicce? Eu não daria um gibi do Justiceiro a um rapazinho de 9 anos, por motivos óbvios, mas também não quero fazer como o livro Sedução dos Inocentes, de Fredric Wertham, que criou uma caça às bruxas injusta contra os quadrinhos, atribuindo a eles a culpa sobre a delinquência juvenil. Daí vou dar tratos à bola, e falar tanto dos heróis bacanas para as crianças, quanto aqueles que não colam bem. Não por serem "ruins", mas por exigirem maturidade maior para que o infante abstraia que aquilo é apenas fantasia, com caráter de entretenimento puro e simples. Outra coisa que também é válido mencionar, é que é recomendável que vocês, pais, leiam as revistas antes de entregarem a seus filhos, assim tem certeza do conteúdo que estão transmitindo, e também, é uma ótima porta de entrada para que seus assuntos possam ser mais produtivos. Discute a historinha do gibi, o infantes se desinibe e  Vamos lá?

Obs: A lista vai ser subdividida segundo meus critérios pessoais, mas se seu filho te encher o saco e começar com um "Dá uma revista do LOBO, pai, dá uma revista do LOBO, pai, dá uma revista do LOBO, pai!", a melhor forma de julgar a viabilidade da leitura de maneira imparcial é comprando e lendo

Obs2: Antes que os chatos de óculos fundo de garrafa me encham o saco avisando que errei ou simplifiquei demais determinada descrição, aviso que embora seja um fissurado por quadrinhos, não sou tão íntimo de todos os gibis mencionados, e simplifico sim, por que a resenha atende a minha visão sobre sua aplicabilidade na educação infanto-juvenil, por isso, se alguém vier me torrar a paciência, já fica minha resposta, procura na wikipédia com seu wireless e aproveita pra ir cagar com o notebook no colo.


Heróis show de Bola para crianças:


Homem Aranha: O Top dos tops. De autoria de Stan Lee e Steve Ditko, representa o liberal perfeito. Um nerd que apanha do valentão Flash Thompson, recebe uma esmola de seu patrão muquirana J. Jonah Jameson, teve perdas traumáticas como a de seu tio Ben, que foi seu tutor a vida inteira, cuida da sua tia May, idosa e viúva, além de ter desencontros amorosos e dificuldades com as moçoilas. E mesmo levando essa vida cagada, encontra tempo para encarnar o Espetacular Homem Aranha e salvar o mundo livre, mesmo sabendo que com a contra publicidade promovida pelo jornal pela qual trabalha, o Clarim Diário, as autoridades ficam na sua cola. Por que segundo os ensinamentos do sábio Tio Ben: Um grande poder traz uma grande responsabilidade.

Capitão América: Representante máximo do estilo de vida Yankee, o soldado Steve Rogers atuou na segunda guerra mundial enfrentando a até então, onipresente ameaça nazista. Seu inimigo clássico era o Caveira Vermelha, um nazista meio bizarro que representava perigo imediato. Criado por Joe Simon e Jack Kirby, àquela época representava uma voz de esperança, e é popular ainda nos dias de hoje. Mas por que colocar na listinha bacana dos heróis um defensor do American Way of Life? Por que ele representa ideais de justiça, tudo num pacotão fast food da melhor qualidade. Batalha atualmente pela liberdade encarando os piores inimigos da mesma, a organização Hidra, e é mais um dos que defendem o clichê de um mundo melhor e por aí vai.

Thor: Baseado no deus do trovão, da mitologia viking, o filho de Odin defende a humanidade usando eu martelo tamanho extra exagerado e carinhosamente nomeado como Mjolnir, forjado pelas próprias mãos de Odin e que pode apenas ser portado pelos justos. Thor é um herói mais robusto, por definição, mas defende valores como lealdade e justiça, além de ter um vocabulário tão polido e pomposo, que faria bem ao vernáculo do mais esculachado vida loka. Teve duas fases que eu gosto de mencionar. Uma em que encarnava o alter ego com uma paixão platônica, o Dr. Donald Blake, médico bom moço. Em uma fase mais recente, do início dos anos 2000, ele encarnou a vida do para médico Jake Olsen que julgava que tivesse morrido por negligência sua.

Quarteto Fantástico: Heróis no melhor estilo A Grande Familia, huahuahua!!! Grupo de super heróis formado pelo coroa cientista super cabeça Reed Richards, o Sr. Fantástico, com poderes de se esticar o quanto quiser em todo ou apenas partes do corpo(hmmmmm, meninas, fica a dica), seu cunhado Jhonny Storm, o Tocha Humana, um rapaz bonitão e que ganha o dia tirando o Coisa do sério, Ben Grimm, o Coisa, um amontoado decerebrado de rochas, gerado a partir da mutação do acidente no espaço que deu os poderes à família e coisa e tal. Sue Storm, esposa do Sr. Fantástico e irmã de Jhonny Storm, a garota invisível, capaz de criar campos de força e de invisibilidade, além de outros membros da família que não interessam em absolutamente nada por não terem poder nenhum. É muito bacana por que enfrentam o ditador de um micro país, um cientista com poderes de mago que usa uma máscara por que está desfigurado e quer dominar o mundo além de viver passando cantada na mulher do Sr. Fantástico, o Dr. Destino, além de terem tempo de fazerem(olha que lindo) almoços em família, enquanto discutem a última luta do Demolidor lendo um jornal qualquer.

Super Homem: Atualmente cool, o personagem em si acho bastante chatinho. O Kryptoniano Kal-El é enviado para a terra ainda recém nascido pouco antes da iminente destruição de seu planeta natal. Aqui, criado por um casal de fazendeiros descobre que tem super poderes cuja única coisa que eles não lhe permitem fazer é lavar roupa. De resto, ele voa, ele arremessa um fusca contra a lua(isso durante seu aquecimento), ele é super veloz, tem uma visão de calor que consegue cozer a carne mais dura, se quiser pode enxergar por baixo do vestido de moçoilas com sua visão de raio x, mas não faz isso por que é muito bonzinho, luta contra um bilhonário megalomaniaco que deseja dominar o mundo custe o que custar, além de sofrer de um amor platônico por sua colega de trabalho que acha o Super Homem um pão, mas não dá a menor pelota pro Clarck Kent(alter ego do Super Homem). Esse é mais um herói que não mata, não tortura e não graficamente violento. Algo interessante da história da criação do personagem, é que o Super-homem foi criado por um nerd, e teve seus direitos vendidos por pouco mais de 100 doletas na época, visto que ele não acreditava que tivesse qualquer apelo mercadológico. Morreu tentando recuperar o prejuizo na justiça

Flash: Teve diversas fases de boa aceitação pública, o super herói mais rápido do mundo. Um era o Jay Garrick, o Flash Original, aqui no Brasil, ficou conhecido como Joel Ciclone. Conhecido como o primeiro super velocista do universo dos quadrinhos, e menos cavalão que o Super Homem. Salvava o mundo de calça jeans, camisa vermelha com um raio invertido, e um capacetinho com asinhas de Hermes, o deus grego da velocidade. Depois vieram Barry Allen, o Flash clássico, que atingia a velocidade da luz(mas e a inércia, como fica? Me questiona um nerd chato de galochas. Pow, quem liga pra inércia, ele é rapido e ponto) além de poder vibrar atravéz de objetos sólidos. Depois disso vem seu sobrinho, que começou como Kid Flash e foi promovido com a morte do tio. Seu nome é Wally West. Moderado, atinge apenas a velocidade do som. Outro herói que segue os clichês citados nos heróis acima. Temos outros participantes da "família Flash" mas vamos ficar no básico.

Heróis que não pegam bem para criancinhas:
Primeiro vou explicar que nem todos os heróis citados aqui estão aqui por pegarem pesado. Alguns até que não, mas suas histórias sim. Não é questão de proibir isso da garotada, mas por serem histórias mais densas, exigem certa maturidade do leitor.


Justiceiro: Vixe, esse aí é o pior inimigo dos Direitos Humanos. Pra ele os fins justificam os meios. Do original The Punisher. Frank Castle tem a família assassinada brutalmente por assassinos, daí, resolve assumir a identidade de Justiceiro pra passar o rodo. Ele pega pesado e sai matando tudo, suas principais vítimas são traficantes e as revistas são sempre um carnaval de sangue. Vive as turras com o  Demolidor. Quer arriscar? Então vá lá, filhão.

Demolidor: Apelidado de "O Homem sem medo". Esse cito aqui não por ser necessariamente um personagem que arrebenta, mas as histórias são sempre meio nefastas. O Advogado Matthew Murdock é cego após um acidente com um caminhão de lixo tóxico que lhe conferiu sentidos super aguçados. Doutrinado pelo mestre Stick, ele assume a postura de Dare Devil(numa tradução livre Diabo Ousado, traduzido como demolidor no Brasil por motivos cujos quais desconheço e não vou pesquisar.) Durante o dia um advogado, a noite, o protetor da Cozinha do Inferno, um bairro perigoso de Nova Yorque, tem como principais inimigos o Rei do Crime e o Mercenário. O que torna ele um personagem não muito bom é por que suas histórias são mais adultas e envolvem um roteiro mais rebuscado e violento. Veja o seguinte: Ele é religioso praticante, católico, que se confessa e tals, mas sofre dos males da carne, sendo um pegador nato. Entre suas "vitimas" cito: Elektra, uma meio aliada, Karen Page, namorada ex-drogada, que já foi atriz pornô, Mary Tifoid(é assim que se escreve?), além da Viúva Negra, uma agente russa muito da gostosa. Já teve diversos atritos com o Justiceiro, que o apelida pejorativamente de Coroinha.

Homem de Ferro: Não é necessariamente um herói violento. Não nos moldes do Justiceiro. Mas é um ricaço que ganha grana projetando armas em sua empresa, as Industrias Stark, e vendendo a países em guerra. Tony Stark(não sei se o motivo é esse, mas Stark, em alemão significa forte) teve uma epifania quando foi feito de refém e teve que construir uma armadura improvisada pra fugir do cárcere de terroristas, e é mantido vivo por um bagulho que não deixa seu coração baquear(não é um marca passo, se quer descobrir leia).

Batman: Se for o que o Adam West fazia pra televisão nos anos 60 pode deixar sem medo, é a maior comédia, mas dos anos 80 em frente, Run to the Hills, child!!! Esse é (muito) mais sacana. O Bilionário Bruce Wayne da atualidade acredita que os fins justificam os meios, mesmo que pra defender sua cidade Gotham City tenha que se utilizar de suborno, tráfico de influência, e uma surra num bandido de vez em quando, principalmente se isso envolver uma informação importante.

LOBO: Esse sim é brutal. Surra mesmo. LOBO é proveniente de um planeta que ele próprio tratou de destruir(Czarnia), depois tratou de virar mercenário, assim poderia faturar uma graninha fazendo o que faz de melhor. Matar, falar palavrão, beber, fumar, meter, matar, beber, matar, fumar, matar, meter, matar, falar palavrão, matar... caso eu tenha me esquecido, ele também gosta de matar. Ele não é bem um herói, está mais pra um anti-herói, e conta com duas historias oficiais(a versão original menciona que ele é o último sobrevivente de Velórpia, planeta vítima de um vírus mortal), sendo que consideram hoje em dia a que eu comecei sobre o planeta de Czarnia. Eles viviam em paz, harmonia y otras cositas mas, o LOBO achou que tava muito chato, mata tudo então. Conhecido como o Maioral, já deu um pau até no Super Man, e vive falando abobrinhas recheadas de palavrão, fanfarronice e humor negro. Matar é divertido pro LOBO. É super forte, respira no vácuo, pilota uma motoca voadora envenenada, se multiplica quando ferido além de uma pá de habilidades cômicas e violentas. A única coisa que tem algum tipo de respeito e afeição são seus golfinhos espaciais, além de ter um código de honra cujo qual é sempre cumprir um contrato feito. Já enfrentou boa parte dos heróis do universo DC, e só foi derrotado duas vezes, uma quando foi forçado a integrar o Super Grupo L.E.G.I.A.O., após ter sido subjugado em um combate armado pelo líder Vril Dox, e depois, no Marvel VS DC por Wolverine. Nesse último apenas por que o Wolverine era muito mais popular na época, e quem decidia o vencedor eram os leitores(aqui você decide o final, alguém lembra disso?). Caso reste alguma dúvida, segundo a própria descrição do LOBO, seu nome vem do dialeto Khundio e significa "Aquele que arranca suas tripas e gargalha de alegria com isso".


Acho que essa é uma boa lista pra começar sua peneirada antes de educar seu filho com gibis. Acho uma alternativa divertida pra se alfabetizar e criar valores positivos para a criança.


Mas como também é divertido para adultos, compre e leia também. Além de matar seu tempo, arruma um assunto em comum para penetrar com mais eficiência no universo de sua cria.

2 comentários

Arthur Golgo Lucas disse...

Sem vaselina, vou direto às críticas:

"Diabo Ousado" o caramba, a tradução PERFEITA para Dare Devil é DEMÔNIO DESTEMIDO, para aproveitar os DD que ele tem desenhados no peito, já te cantei essa pedra. :) Traduziram para DemoliDor porque a palavra tem dois "D", ridículo. E é "Mary Tyfoid".

E o Batman não é esse bicho maldoso que descreveste, ele é a versão light do Justiceiro. Ambos tiveram a mesma história e têm a mesma motivação: suas famílias foram assassinadas em frente a seus olhos, foram os únicos sobreviventes e juraram lutar incansavelmente contra o crime.

A diferença entre eles é que para o Justiceiro bandido bom é bandido morto e o Batman não mata ninguém, entrega todo mundo vivo para a polícia para que seja devidamente julgado por seus crimes.

Batman anda perigosamente no fio da navalha, mas seu objetivo declarado é lutar contra o crime atuando dentro da lei. (É, ele dá umas pisadas na bola e não é lá muito politicamente correto, mas nada que comprometa seriamente seus ideais. Temos que lembrar que o que o move é uma obsessão gerada por um grande trauma infantil.)

Tá, agora que já dei porrada, os elogios:

Grande idéia escrever sobre este tema! Gostei da abordagem, acho que valeria a pena fazer o mesmo tipo de análise com alguns outros personagens clássicos, como Namor, Aquaman, Hulk, etc.

E por que não uma galeria de vilões?

Tem um filão bom aí.

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Mais um pouco de verborragia...

Eu sinto uma falta danada de ler gibi. Desde que as HQs deixaram de ser produzidas em formatinho, eu perdi o fio da meada e parei de colecionar. Tenho uma estante com quatro prateleiras cheias do tempo do formatinho, mas as coleções não estão completas. Se eu não consguir mais completá-las - o que tem que ser feito até outubro - vão acabar indo pro lixo. :(

Grande porcaria Spawn & Cia. O visual da maioria dos HQs hoje é tão poluído e a pancadaria, os aspectos místicos e o erotismo barato estão TÃO em evidência que não me dá vontade de comprar gibi. Isso sem falar que os enredos de hoje em dia são... bem... estranhos.

Os roteiristas e desenhistas estão tentando fazer as HQs virarem uma forma de "arte para iniciados", tornando o universo das HQ um assunto para quem "entende do assunto".

Estão esquecendo que HQ é pra ser simples entretenimento e que pode ter também uma boa pitada de objetivo educacional. Quando se compra uma HQ com história completa e não se consegue entender sem perguntar um monte de coisas para um "conhecedor", a HQ fracassou completamente em todos os seus objetivos.

Danilo LaGuardia disse...

Vamos lá, Arthur. Bem vindo, sumido.
Exclui as postagens seguintes por que se referiam a uma competência(ou falta dela) do Google. Mas respondendo suas críticas:

Demônio Destemido é apenas licensa poética, afinal, não podemos exigir um duplo "D" numa tradução fiel. Cheguei a te explicar o por que da tradução para Demolidor, segundo uma teoria pessoal minha, daquela época da era de prata, a EBAL e tals.

Quanto ao Batman, é bom lembrar que mesmo o próprio Batman original, o Bruce Wayne, contou com diversas fases, e dos anos oitenta pra cá, ele ficou violento bagaray.

Não mata, mas continua pegando pesado. E mesmo que discorde da afirmação de tortura física, ainda existem tráfico de influências, suborno, tortura psicológica(nisso ele é um mestre)e outras coisas que consigo encontrar folheando apenas dois ou três dos meus gibis.

Quanto a suas crítias sobre a atual fase dos Gibis, é mais ou menos isso. Te falei. Todo mundo concorda que em gibi o que vale é ser ultra bombado ou super gostosa e dar muita porrada.

Mas quanto ao roteiro, ele foi jogado pra escanteio. A arte que fere os olhos de tantos elementos joga pra escanteio os cantinhos pra texto e balões de conversa. Leia Spawn e vai ter uma boa síntese disso.

Abraço, e conto com suas críticas sempre.

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