Que saudades da inocência

Ganhei essa semana de um amigo, um presente que me deixou muito feliz. Um dvd com episódios do seriado do Batman com Adam West. Se não consegue se lembrar, é aquele seriado dos anos 60, com um Batman gordinho. O que isso tem a ver com Direitos Humanos? Já já vai entender. Ele me presenteou por que sabe o quanto sou viciado em cultura pop e coisas Thrash (definição para coisas feitas sem verba e propositalmente mal feitas. Se não teve contato com esse universo, recomendo o filme Ed Wood, do Tim Burton, onde ele conta a trajetória desse excêntrico cineasta e pincela muito bem como é a cultura thrash. Além de Planeta Terror, do Robert Rodriguez e Tarantino, que se assume como "Orgulhosamente Thrash"). Vendo os episódios e matando as saudades de minha infância, notei que aquele era o período do Batman defensor de Direitos Humanos. Pérolas de verborragia como "Para que objetivos nefastos aquele vil criminoso quer a rebimboca da parafuseta, Batman?" além das exclamações magistrais do Robin como "Santos pneus, Batman!" eram misturadas com palavras de esperança do Homem Morcego dizendo crer e desejar a ressocialização dos vilões de Gotham, além de acreditar na existência de uma consciência neles.


Ah! Que saudades disso. As histórias mais inocentes, os heróis muito mais engraçados, e os vilões estupidamente caricatos. "Santo Deus, Batman, o Chapeleiro louco já furtou 6 cartolas, isso pra não dizer no sequestro de seus donos!" Adorava ver os clichês do Batman estacionando o Batmovel na frente do covil inimigo e entrando correndo pela porta da frente. As palavrinhas de "pow, tum, zas!" brilhando na tela a cada golpe do Homem Morcego e o Garoto Prodígio.

Esse DVD eu vou guardar, mostrar pros meus filhos, pra que entendam o que aprendi na minha infância (um detalhe é que não sou 40tão, tenho apenas 26 anos).

Daí, num momento inspirado, resolvi fazer uma cartilha com os heróis que são as melhores influências para nossos filhos. Talvez em outra oportunidade, eu escreva um artigo detalhado sobre como a política e sociedade moldaram o mercado dos gibis, e como eles devolveram essa influência. Por ora, só curtam a lista de boas influências e matem as saudades:

Batman: Na sua trajetória nos anos sessenta, ele incorporava tudo o que a cultura pop despejava pra sociedade. Dava lições de moral sob medida para a juventude. Parava o Batmovel em sinais vermelhos mesmo durante uma perseguição implacável, e fornecia belas palavras sobre suas crenças em Direitos Humanos. Era uma resposta muito bacana a um período pós guerra, com a bruxa da guerra fria a solta.



Homem Aranha: Talvez o mais popular dentre eles na atualidade. Incorpora o liberal perfeito. Trabalha por uma ninharia pra um chefe muquirana, toma conta da Tia idosa que o educou, passou por perdas traumaticas como a de seu tio Ben, apanha na escola, tem problemas com namoradas e rejeição, e ainda arruma um tempinho pra salvar o mundo e lutar pela justiça.



Super Homem: Ele é o exato oposto do Batman da Atualidade. Enquanto o Batman dos anos 80 em diante personificou a justiça dark impetrada por um magnata reacionário, o Super Homem luta contra o magnata Reacionário (Lex Luthor) que domina sua cidade (Metropolis). Sempre lutando por um mundo melhor, acreditando em ideais de justiça e liberdade, ele cruza o espaço para salvar a Terra de ameaças apocalípticas em cada edição.

Capitão América: Esse cidadão "foi" um soldado que lutou na segunda guerra, junto de diversos outros herois americanos numa iniciativa das editoras de Gibis. Tá certo que ele personifica o American Way of Life, mas compreenda, ele leva num pacotão tudo o que o americano tem, ou deveria ter de bom. Luta pelo trinômio iluminista: la liberté! l'égalité! Fraternité! Defende os Fracos e oprimidos entre outros clichês. Sem dúvida outra boa influência.


Faltam vários, se eu forçar a mente ponho até o Chapolin aqui. Sem dúvida, a época em que eles foram criados é bem diferente do presente, em que a Image Comics faz sucesso com o Spawn, e mais vale ser grande e bombado ou bonita e gostosa dar muuuuuita porrada.


Tou guardando minha coleção pra meus filhos, por que não fazem o mesmo? 


[Autorizo reprodução completa e irrestrita desde que mencionados autor e fonte].