terça-feira, 11 de maio de 2010

Mais um da série: Vote nulo e seja cidadão!!!


Meninos e meninas, o texto é longo, foi colhido no ótimo Blog Dialética e remonta a um tempo não tão ancestral. As eleições de 1989. Época em que eu brincava de bolinha de gude e assistia Jaspion. Nesse divertido Texto, o autor faz suas críticas aos 22(23?) candidatos da época. O que tenho a dizer desse texto é o seguinte. O problema em si é muito mais antigo do que imaginamos, a lambança é ainda mais anciã do que a própria campanha após os diretas já. Então por que motivos ainda nos contentamos com o "menos pior" ao invés de criar vergonha e votar nulo para esperar que apareça um "melhor". Lembrando sobre o que diz a constituição sobre o caso:
[Lei nº 4.737/65]
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“Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do estado nas eleições federais e estaduais, ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações, e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.” (Fonte: Código civil)
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Agora atenhamo-nos ao texto:

Minha primeira vez foi em 1994, nas eleições gerais que acabaram elegendo FHC como presidente da república. Foi naquele pleito que votei pela primeira vez no Lula e vi muita gente apoiando o Enéas – que chegou em terceiro, à frente de Quércia, Brizola e Amin. Naquele ano, assim como nas eleições presidenciais seguintes, eram poucos os postulantes ao cargo mais importante da hierarquia democrática nacional.
Mas o meu fascínio com esse clima eleitoral veio antes, aos doze anos de idade. Era um momento muito diferente daquele vivido nos trinta anos que antecederam aquela campanha histórica. Finalmente o povo iria às urnas escolher seu presidente, e aquilo soou como o primeiro presente de Natal com embrulho colorido e uma grossa fita vermelha. Talvez por conta da novidade, o país podia escolher entre 22 nomes. Vinte e dois!
Do alto dos meus doze anos, acompanhava parcialmente a campanha nas engraçadinhas aparições desse povo na TV, seja no horário eleitoral, seja no Cabaré do Barata, programa do Agildo Ribeiro recheado de bonecos do Gepp e Maia na Manchete. Sem falar das sátiras geniais da revista Mad, que lançou pelo menos três edições históricas e especialíssimas sobre os presidenciáveis. Foi certamente uma das eleições mais divertidas da história. E talvez naquele tempo eu levasse o tema mais a sério…
Hoje me arrisco a dizer que, diante do nosso “quinto pacote”, o povo continua agindo com a mesma maturidade. Mas a esperança e a fé, agonizantes, são as últimas a deixarem o palco…
Mas enfim, com uma valiosa ajuda do Google e de alguns dados obtidos em alguns sites de TRE, segue a lista dos presidenciaveis daquela eleição histórica, seguido por algumas informações que guardo de cabeça. Não achei a ordem da cédula, por isso vai na ordem da “classificação final” mesmo. Conto com meus amigos mais atentos para corrigir ou acrescentar detalhes. Para saber mais, vá ao You Tube, procure por “eleições 1989″ e divirta-se.
20 – Fernando Collor de Mello – PRN: Esse puto chegou com o estigma de “caçador de marajás”, abria seu discurso com “minha gente” e prometia um “Brasil novo”. Convenceu os brasileiros de que seria uma jovem e feliz solução, especialmente após o debate do segundo turno exibido no Jornal Nacional, e acabou eleito no segundo turno. Não preciso detalhar muito a respeito do saque promovido por ele, Zélia, o “imexível” Magri, entre outros frequentadores da Casa da Dinda. E pensar que, depois das caras pintadas e do impeachment, ele está prestes a virar senador e dizer a todos nós: “voltei, seus imbecis”.
13 – Luís Inácio Lula da Silva – PT: Tenho saudades desse Lula, que aparecia na TV após a “criativa” vinheta da “Rede Povo”, contagiou gerações com o “Lula lá, brilha uma estrela”, mobilizou artistas, entidades… Fico imaginando se o Lula de 89 seria diferente do Lula eleito em 2002…
12 – Leonel Brizola – PDT: O terceiro colocado daquele pleito era, certamente, o meu candidato. Não só por causa do inesquecível “lá lá lá lá lá brizoooola”, mas também por causa da sua primeira prioridade de governo: rever a concessão da TV Globo… Sei não, mas acho que o Brizola foi outro que se perdeu no tempo, saindo até como vice do Lula em 98. Há quem questione seu estilo (quem for do Rio pode se manifestar), mas especialmente agora, um Brizola faz falta ao menos para contrabalançar a campanha.
45 – Mário Covas – PSDB: Os tucanos eram uma dissidência recém-inaugurada do PMDB, e ninguém poderia prever que nos anos seguintes protagonizariam com o PT essa “polaridade fantasiosa” – já que os dois partidos se revelaram praticamente iguais. Mas já no seu primeiro aniversário conseguiu o quarto posto nacional, trazendo como expoente o futuro governador de São Paulo, falecido em 2001. Especialmente em São Paulo, ele se saiu muito bem, rivalizando diretamente com o seu grande adversário político no estado…
11 – Paulo Maluf – PDS: … Ele mesmo, o homem cujo e-mail era maluf@mas.faz, o homem do “estupramasnãomata”, do leve-leite, do piscinão, do cingapura, da jacu-pêssego, enfim. Lembro que, na simulação escolar feita no meu primeiro grau, Maluf vencia Covas por uma pequena diferença. Enfim, esse é mais um que está prestes a voltar ao Congresso – Maluf, todos lembram, era o “candidato da situação” na eleição indireta de Tancredo.
22 – Guilherme Afif Domingos – PL: Feche as duas mãos e aproxime-as. Com as mãos ainda fechadas, coloque uma em cima da outra. Por fim, com a mão direita, aponte com o indicador. Faça tudo isso dizendo “juntos chegaremos lá” e repita o grande meme daquela campanha. Afif, hoje no PFL e virtual derrotado por Suplicy ao senado, usou artifícios como esse e o “dois patinhos na lagoa”, correspondentes ao número, para subir nas pesquisas e se credenciar, ainda que por pouco tempo, como o “anti-Collor”. Não deu.
15 – Ulysses Guimarães – PMDB: Era uma questão de honra. O homem que promulgou a constituição brasileira e um dos mais emblemáticos personagens da política nacional tinha que concorrer, ainda que estivesse bem longe de ser eleito. O grande mistério da vida de Ulysses, no entanto, foi a tragédia envolvendo seu desaparecimento em 1992, após o acidente de helicóptero que, certamente, o matou – digo isso porque nunca encontraram qualquer vestígio.
23 – Roberto Freire – PCB: Posso estar enganado, mas apesar de ser um político com idéias de extrema esquerda, o Roberto Freire trazia sim boas idéias mas sem assustar tanto como o Lula. Terminou com alguns mil votos, mas até hoje é um dos nomes mais populares da política nacional.
25 – Aureliano Chaves – PFL: Esse dificilmente chegaria longe, já que era vice do Figueiredo e ainda tinha uma imagem colada ao regime militar. Mas era bonachão e simpático. O ex-governador mineiro faleceu em 2002.
51 – Ronaldo Caiado – PSD: Afinal de contas, quem era ele? Apareceu como um sujeito bonitão, vindo de Goiás e montado em seu cavalo e atacando veementemente o Lula. Logo lembraram de suas ligações com os ruralistas e a sua orientação conservadora. Pouco tempo depois, lá estava Caiado no PFL, onde hoje é deputado federal.
14 – Affonso Camargo – PTB: Esse também tinha uma musiquinha longa e bonitinha, e se vendia como o “pai do vale-transporte” e “criador do bilhete único”. Realmente, a lei que criou o benefício é dele. Mas fora isso, talvez seja conhecido no estado do Paraná, e só. Saltou de partido algumas vezes, até ser eleito deputado federal pelo PSDB.
56 – Enéas Ferreira Carneiro – PRONA: Em sua primeira aparição ao mundo, o legendário Enéas dizia a que veio em menos de trinta segundos. Aos poucos veio fazendo barulho até arrebatar 1,5 milhão de votos para deputado federal em 2002 e, após quatro anos, mostrar que realmente só funciona falando – e de barba.
42 – José Alcides Marronzinho – PSP: Sensacional! Marronzinho aparecia amordaçado e ameaçava falar o que nenhum outro era capaz! Era a voz dos pobres na eleição, mas eles não deram muita bola. Vá contando: já são treze nomes.
54 – Paulo Gontijo – PP: Esse era bizarro. Aparecia só a sombra, a abreviação PG e um enorme slogan inspirado em JK: 100 anos em cinco. Sumiu.
31 – Zamir José Teixeira – PCN: Zamir? Zamir? Bah.
27 – Lívia Maria de Abreu – PN: Lívia Maria??? Essa eu tive que ir pro Google pra descobrir que ela aparecia em uma cozinha, dizendo que era capaz de colocar ordem na casa. Pelamordedeus.
55 – Eudes Mattar – PLP: A única vantagem desse cidadão era poder dizer a todos o quanto era facinho votar nele: Eudes Mattar era o último nome da lista. Ninguém lembra mais disso, e na época ninguém lembrou também. Mesmo com tanto esquecimento, nem em último ele conseguiu chegar.
43 – Fernando Gabeira – PV: O bom e velho Gabeira, o homem que expulsou Severino Cavalcanti e que tem a árdua missão de salvar o Partido Verde da extinção. Naquele ano, o melhor era a “musiquinha” (?). “Gabeira Presidente do Brasil”, dito como se fosse um mantra indígena, remetendo a um virundum histórico: era facinho trocar “gabeira” por “caveira”.
33 – Celso Brant – PMN: Outro que parecia um cara muito legal, mas não foi pra frente. Foi fundador do PMN, o mesmo que revelou o bizarro Samuel Silva… Era professor em Minas Gerais até falecer, em 2004.
16 – Antônio Pedreira – PPB: Pedreira era dureza. Xingava o Collor, o Lula, o Brizola… Quase não tinha programa, de tanto direito de resposta que aparecia. Tudo papagaiada: o nome dele voltou ao noticiário no início do escândalo dos correios, que culminou com a descoberta do mensalão. E o PPB não tem nada a ver com o que era PDS: era Partido do Povo Brasileiro, que logo acabou. O 16 hoje é aquele contra burguês.
57 – Manuel Horta – PDC do B: Manuel Horta? PDC do B? Blé. Conseguiu a proeza de ser o último entre os que valiam. Claro que o último lugar histórico dessa eleição ficou com…
26 – Armando Corrêa – PMB: Esse cidadão era pastor evangélico, aparecia com uma voz suave e serena em sua propaganda cujo slogan era “Acooorda Brasil”, associado a um despertador. O fim do partido, fundado por ele, foi melancólico: sua vaga na disputa eleitoral acabou sendo vendida por uma bela grana. Quem comprou seu lugar na brincadeira foi…
26 – Sílvio Santos – PQP!: O homem do baú estava louco pra ser presidente. E ganharia com o pé nas costas, não fosse a sequência de lambanças que marcaram sua epopéia. Silvão era do PFL, mas a legenda não queria saber do apresentador e fechou com Aureliano Chaves. Mas com uma ajuda do próprio partido, descobriu que Armando Correa topava tudo por dinheiro e se lançou candidato, já durante a campanha, a despeito do prazo do TSE. Numa bela noite, o dono do SBT apareceu como o 26, perguntando ao povo se sabiam o que era Justiça Social. “Eu também não sabia”. Depois da sessão “porta da esperança”, o pior: como as cédulas já estavam impressas, o mestre da comunicação dizia que “para votar em Sílvio Santos, tinha que marcar Corrêa 26″. Pena que o TSE acabou com a farra… Pedro de Lara e Gugu Liberato dariam ótimos ministros.
Puxa vida, na prática eram 23 nomes. Mas sabe o que mais me surpreende? O Eymael não era candidato!
Autor: Marmota

1 comentário

Alcione Torres disse...

Eu quase sempre voto nulo. Aliás, desde que comecei a votar, há 15 anos, acho que só votei mesmo em alguém 2 vezes!
Eu não acho que tenhamos obrigação em votar em alguém. Se não confio nos candidatos que se apresentam como posso dar meu voto?
Pena que tem muita gente que ache isso ignorância...

http://sarapateldecoruja.blogspot.com/

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